E se você não estivesse perdida, só ocupada demais?
No mês passado, minha irmã me enviou a divulgação de um retiro de 5 dias no Marrocos.
As fotos estavam lindas. E, de alguma forma, mostravam exatamente o que eu sentia que precisava: viagem (sempre), desaceleração (hello, dezembro), beleza e paz.
O que eu não esperava é que fosse, na verdade, um retiro com um processo de coaching. O nome Inner Trip (“viagem interior”) já tinha me atraído, mas eu não imaginava o quanto estava precisando parar… de verdade.
Nossa vista da sala da Yoga
Os dias começavam com yoga e o sol nascendo entre as montanhas do Atlas. Só esse cenário já era um convite para algo que, na prática, pode se tornar raro na vida adulta: presença.
Depois do café da manhã, mergulhávamos em dinâmicas de coaching. Diferentes do meu método, mas com o mesmo objetivo: provocar consciência, intenção e, enfim, movimento.
Eu já sabia o que estava me faltando. O que eu não percebia era em quantos aspectos eu ainda estava vivendo no automático.
Muitas tarefas. Muitos prazos. Poucos espaços de silêncio.
Nos últimos meses, ficou claro pra mim como é fácil escorregar para o modo sobrevivência — aquele em que você acorda, responde, resolve, dá check na lista… e só reage. Quando você se dá conta, o dia acabou. E você nem lembra o que realmente escolheu.
Não é a primeira vez que isso acontece comigo. E, no retiro, com outras mulheres compartilhando, vi que não era só comigo.
Todas nós temos nossos “temas recorrentes”: hábitos, padrões, crenças que sabemos que nos limitam — mas que vamos empurrando, até virarem um incômodo constante.
É por isso que o olhar para dentro é tão necessário. É ali que a gente ganha consciência. Que para de romantizar desculpas. Que realmente se depara com o que está pedindo mudança.
Existe um ponto da vida adulta em que não falta informação, falta presença.
Não falta desejo, falta estrutura interna pra segurar as escolhas que já estão batendo na porta.
A gente continua entregando, funcionando, dando conta. Mas começa a se distanciar de si mesma. E não por falta de visão — mas por falta de pausa.
Não é sobre descobrir quem você é. É sobre ter coragem de sustentar quem você já percebeu que se tornou.
Eu percebi que, mesmo trabalhando com isso todos os dias, eu também preciso criar espaços que me lembrem o que estou escolhendo.
Porque consciência sem decisão vira ruído e autocobrança.
E decisão sem estrutura vira exaustão.
Muitas das viradas que já vivi nasceram desse lugar de criar espaço: em conversas profundas, em processos de coaching, em mentorias.
Outras tantas ainda estão para nascer.
A verdade é que clareza não é sobre pensar melhor. É sobre parar de gastar energia com o desnecessário, com que não é seu.
Sair do modo reativo não exige força de vontade — exige alinhamento. Um motivo que seja verdadeiro. E a disposição de sustentar o processo sem se abandonar no caminho.
Talvez você também esteja nesse ponto agora.
Não no ponto de “querer melhorar”.
Mas no ponto de não negociar mais a mulher que você já sabe que é.
Com carinho,
Laura
