Ainda conseguimos ler de verdade?
A crise silenciosa da leitura (e como estou resgatando esse hábito)
Nos últimos tempos, tenho percebido uma dificuldade que me causou um certo incômodo: ler com profundidade.
Não estou falando de abrir um livro qualquer e seguir virando páginas.
Mas de estar presente na leitura.
De absorver, refletir, se envolver.
Teve um dia em que finalizei um capítulo e percebi que não lembrava de quase nada. O livro estava nas minhas mãos... mas a cabeça estava longe.
Comecei a observar com mais atenção — e percebi que não era só comigo.
Um vídeo sobre os dados de leitura no Brasil me chamou a atenção (e me alarmou). Outro, no YouTube, mostrou que esse cenário não é exclusivo daqui. Em diferentes partes do mundo, estamos perdendo o ritmo, a paciência e o prazer da leitura profunda.
Por que isso importa?
Porque ler não é apenas um hábito cultural.
É uma ferramenta de pensamento.
Quando nos afastamos da leitura, nos afastamos também da capacidade de sustentar um raciocínio, de fazer conexões mais complexas, de comunicar com clareza.
Ler com profundidade alimenta o pensamento crítico, amplia o vocabulário, nos ajuda a acessar outras realidades — e até a dar nome ao que sentimos.
É, também, uma forma de cuidar da nossa presença e da forma como enxergamos o mundo.
O que tenho feito para resgatar esse hábito
Sabendo da importância, decidi me reconectar com a leitura — mas com mais leveza, sem metas irreais e sem culpa.
Abaixo, compartilho alguns ajustes simples que têm feito a diferença:
1. Bloquear espaço na agenda
Como qualquer outro compromisso. Leitura também precisa de tempo marcado.
2. Associar a uma rotina já existente
Aqui funciona bem após escovar os dentes, por exemplo. Torna-se automático.
3. Deixar o celular em outro cômodo
Apenas tê-lo por perto já é o suficiente pra perder o foco.
4. Começar com metas pequenas
Cinco páginas. Dez minutos. O que importa é a constância, não a quantidade.
5. Criar um ambiente acolhedor
Uma poltrona confortável, uma manta, uma xícara de café... e silêncio.
6. Fazer um resumo do que foi lido
Pode ser ao final de cada capítulo ou do livro inteiro. Isso ajuda a garantir que a leitura foi processada — e não apenas “passada pelos olhos”.
7. Participar de um clube do livro
Trocar ideias sobre a leitura torna tudo mais rico. E ajuda na consistência também.
Conclusão
Se você também está sentindo essa distância da leitura, talvez seja hora de recomeçar com leveza.
Mas com intenção.
Porque, no fundo, a gente sabe:
Ler com profundidade não muda só o que você sabe, muda quem você é.
E você?
Tem sentido essa crise de leitura também?
O que tem feito pra manter (ou resgatar) esse hábito?
Com carinho,
Laura
